Wednesday, August 11, 2010

Neura 4: Olha, Fátima, esse tupperware é meu, hein!

Neura 4: O dia que eu disser que POSSUO um tupperware, potinho ou quaisquer outro recipiente afim, terei assumido minha senilidade!!


A cena é a seguinte:


- Nossa, que torta delíciosa, Fátima!

- Fui eu mesma quem fiz!

- Ai, nega, me dá um pedaço pra levar pro Josias, vai!

- Claro!


E é exatamente nesse momento que se desfazem amizades de anos, em que tias, vós e até filhas e mães põem à prova os valor dos laços de sangue!


- Ei, Fátima...esse tupperware não é meu?!

- Imagina, Dirce!! Esse aqui comprei com a Ruth, naquela promoção (notem o detalhe, o apego ao momento da aquisição!)

- Fátima! Se não fui eu mesma que reparti o bolo do Pedrinho naquela festa e te dei nesse potinho pra levar?! Pode me devolvendo!!!

- Dirce, esse potinho é MEU (EU, EU, EU, EU...e aquela cena ecoa para sempre em nossas vidas...)


E como Gollum, você passa a viver em função do seus potinhos!


Começa a ver possibilidades em cada um deles: sorvete, requeijão, pet 2 litros, papinha nestle...e eles vão tomando conta da sua casa, da sua vida, da sua personalidade!


Jurei pra mim mesma NUNCA pronunciar as palavras: Esse potinho é MEU!


Como é que alguém em sã consciência sente-se confortável em possuir um potinho? E por que estaria esse alguém até mesmo disposto a brigar para reaver o pote em questão.


Passei anos rotulando as tias e vós-gladiadoras de potinhos como insanas. Eu NUNCA me diria possuidora de um. Até ontem.


Sem querer, sem perceber, soltei um avarento: "acho que esse potinho é meu", ao mesmo tempo que arregalava os olhos e perdia meus pensamentos ao longe.


Quando dei por mim, já estava decidida a dar TODOS os potes que eu ousar ter em casa!!!!



Afinal, por que a idéia de possuir um pote me fazia arrepiar?



  • Porque tupperwares parecem ir contra a irreverência da juventude (na qual qualquer coisa serve pra transportar qualquer coisa!




  • Porque tupperwares parecem trazer consigo o peso das preocupações de uma vida adulta sem emoção



  • Porque tupperwares me parecem um stigma contra a paz de espírito feminina.


Nunca ouvi homens numa disputa por um potinho que seja:


- Jorge, esse potinho com tampa roxa é meu!

- Vá se fod..., Marcos, esse aqui comprei com o Gildo, no feirão, nem vem!


NÃO. Essa cena não existe.


Mulheres, os tupperwares estão aí para nos servir e não o contrário.


Eles vêm e vão. E com sorte, irão tendo cumprido seu papel de transportar algo gostoso para uma barriga faminta.


Talvez devêssemos fazer o mesmo com muitas outras coisas que dizemos possuir: aceitar que elas se vão. E nos esforçar para que ao menos cumpram o seu papel de fazer algo bom.

3 comments:

  1. Amei imaginar a cena de homens brigando por potinhos!!! kkkk

    ReplyDelete
  2. Testemunho: Debora chega a cozinha, olha para cima da geladeira e diz: "Acho que este potinho é meu" e neste momento ela pensou "Neura 4".

    ReplyDelete
  3. Pior que discutir a quem pertence o pote é: encontrar o pote, há muito tempo desaparecido, e ficar perguntando "Alguém sabe onde esta a tampa deste pote?" - levantando para que todas na cozinha vejam de que pote se trata, e depois ficar experimentando as possíveis tampas para ver qual se encaixa.

    ReplyDelete