Neura 4: O dia que eu disser que POSSUO um tupperware, potinho ou quaisquer outro recipiente afim, terei assumido minha senilidade!!

A cena é a seguinte:
- Nossa, que torta delíciosa, Fátima!
- Fui eu mesma quem fiz!
- Ai, nega, me dá um pedaço pra levar pro Josias, vai!
- Claro!
E é exatamente nesse momento que se desfazem amizades de anos, em que tias, vós e até filhas e mães põem à prova os valor dos laços de sangue!
- Ei, Fátima...esse tupperware não é meu?!
- Imagina, Dirce!! Esse aqui comprei com a Ruth, naquela promoção (notem o detalhe, o apego ao momento da aquisição!)
- Fátima! Se não fui eu mesma que reparti o bolo do Pedrinho naquela festa e te dei nesse potinho pra levar?! Pode me devolvendo!!!
- Dirce, esse potinho é MEU (EU, EU, EU, EU...e aquela cena ecoa para sempre em nossas vidas...)
E como Gollum, você passa a viver em função do seus potinhos!
Começa a ver possibilidades em cada um deles: sorvete, requeijão, pet 2 litros, papinha nestle...e eles vão tomando conta da sua casa, da sua vida, da sua personalidade!
Jurei pra mim mesma NUNCA pronunciar as palavras: Esse potinho é MEU!
Como é que alguém em sã consciência sente-se confortável em possuir um potinho? E por que estaria esse alguém até mesmo disposto a brigar para reaver o pote em questão.
Passei anos rotulando as tias e vós-gladiadoras de potinhos como insanas. Eu NUNCA me diria possuidora de um. Até ontem.
Sem querer, sem perceber, soltei um avarento: "acho que esse potinho é meu", ao mesmo tempo que arregalava os olhos e perdia meus pensamentos ao longe.
Quando dei por mim, já estava decidida a dar TODOS os potes que eu ousar ter em casa!!!!
Afinal, por que a idéia de possuir um pote me fazia arrepiar?
- Porque tupperwares parecem ir contra a irreverência da juventude (na qual qualquer coisa serve pra transportar qualquer coisa!
- Porque tupperwares parecem trazer consigo o peso das preocupações de uma vida adulta sem emoção
- Porque tupperwares me parecem um stigma contra a paz de espírito feminina.
Nunca ouvi homens numa disputa por um potinho que seja:
- Jorge, esse potinho com tampa roxa é meu!
- Vá se fod..., Marcos, esse aqui comprei com o Gildo, no feirão, nem vem!
NÃO. Essa cena não existe.
Mulheres, os tupperwares estão aí para nos servir e não o contrário.
Eles vêm e vão. E com sorte, irão tendo cumprido seu papel de transportar algo gostoso para uma barriga faminta.
Talvez devêssemos fazer o mesmo com muitas outras coisas que dizemos possuir: aceitar que elas se vão. E nos esforçar para que ao menos cumpram o seu papel de fazer algo bom.
Amei imaginar a cena de homens brigando por potinhos!!! kkkk
ReplyDeleteTestemunho: Debora chega a cozinha, olha para cima da geladeira e diz: "Acho que este potinho é meu" e neste momento ela pensou "Neura 4".
ReplyDeletePior que discutir a quem pertence o pote é: encontrar o pote, há muito tempo desaparecido, e ficar perguntando "Alguém sabe onde esta a tampa deste pote?" - levantando para que todas na cozinha vejam de que pote se trata, e depois ficar experimentando as possíveis tampas para ver qual se encaixa.
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